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17 de julho de 2010

SEQUESTRO

          
            Não sabia onde estava, nem o que fazia. Apenas sentia uma dor insuportável e um cheiro fétido de xixi de rato. Escuro. Meu Deus, tira-me daqui! Novamente rolei para o outro lado em busca de uma saída ou mesmo uma ajuda qualquer. Inútil. Uma depressão; girei até lá e fiquei quietinho.
           Fazia muito frio, como se tivessem ligado um ar-condicionado permanente. Não sabia se tremia de frio ou de medo. Passos. Uma luz acende do outro lado de uma porta que antes nem sabia de sua existência. Ouço murmúrios e gritos de êxtase extrema. Por que estou aqui? O que faço aqui? Não consigo mais mover-me, acho que estou sem forças. Ou seria culpa da depressão?
           A fechadura girara vagarosamente na porta. Parecia uma eternidade. Entraram, um por um. E eram muitos, cerca de dez ou onze. Todos estavam com uma espécie de enorme camiseta branca. Seriam anjos que vieram me buscar? Espera, mas eles estão enumerados. Estou confuso. Estou perdido.
           Por que não acenderam a luz? Apenas via um clarão vindo de fora da fria sala.
          Não! Não pode ser... Atiraram ao chão outro igual a mim. Tadinho, a pancada fez com que ele saltasse umas três vezes. E parou. Ouvia gritos, empolgação, mas não conseguia entendê-los. Fui sequestrado por OVNI's? Não suporto mais esse cheiro; agora, misturado a um odor de suor, carniça.
          Uma campainha toca. Todos eles seguiram para o corredor além da porta. Silêncio.
          Fiquei preocupado com o colega que caiu no chão. Ele não se move. Será que desmaiou? Não! Não! Não! Não acredito no que vejo: vários iguais a mim do outro lado da sala. Como eu não havia visto antes? Mas estão bastante quietos. Mortos?
          Segundos depois, volta um dos sequestradores (sequestradores?) Vem em minha direção. O que quer de mim? Por favor, me deixe sair! Ele não me ouve. Continua, agora em passos rápidos, quase correndo, em minha direção. Estende os braços gigantes. O que quer de mim? Ele não me entende. Estou perdido. Chegou a minha hora.


          Correndo, ele carrega-me nos braços. Passamos por um extenso corredor. Infinito. Ouço gritos lá fora. Luzes fortes em minha direção. Mas, o que seria isso? Uma arena? Uma multidão de pessoas olham para mim. Algo dar um assobio prolongado.
          O rapaz que antes me segurava, me joga fortemente nos braços de outro com uma camisa de número zero-quatro. Gritos. Bato no chão com força, rolo para um lado e para o outro. Estava tonto.
          Vários outros com camisas similares, porém vermelhas, tentam agarrar-me. Vão destruir-me. Arremessado ferozmente para cima, vejo pessoas. De um lado, olham para mim com alegria, do outro, olham com espanto, dó. 
          Três segundos depois, uma eternidade para mim. Cesta!
          Um a zero.


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